15 junho, 2011

Mas afinal, o que são essas tais tribos urbanas?

Cada vez mais comuns e abrangentes em nossa sociedade, as tribos urbanas também nomeadas subculturas ou subsociedades, são microgrupos que se relacionam em função de interesses comuns onde se encontram hábitos, vestimentas e pensamentos praticamente iguais. "Diversas redes, grupos de afinidades e de interesse, laços de vizinhança que estruturam nossas megalópoles. Seja ele qual for, o que está em jogo é a potência contra o poder, mesmo que aquela não possa avançar senão mascarada para não ser esmagada por este." Conceito criado pelo sociólogo francês Michel Maffesoli que começou a explorar o universo das subculturas em 1985.
Maffesoli em seus estudos também realça que as tribos urbanas são instáveis e ‘’abertas’’, porém, seus membros utilizam-se de uma exclusividade em sua maneira de se relacionar, pensar ou vestir. 
Apesar de se destacarem cada vez mais, com novidades e novas "ousadias" perante a sociedade, engana-se quem pensa que as subsociedades são algo presente apenas no século XXI. Quaisquer tipos de envolvimento com este tipo de manifestação começou a partir dos anos de 1950, com os "Surfistas", "Teddy Boys" e "Motoqueiros".
  Os "Hippies", "Hooligans""Nerds""Mods""Rockers""Rude boys""Skatistas" e "Skinheds" foram as novas subculturas que surgiram em 1960. A partir de 1970 os  "Casuais", "Hip hoppers", "Headbangers", "Preppies","Punks","Suedeheads",    "Tecnossexuais" e "Pichadores" surgiram para inovar a década; em 1980, "Carecas", "Charmeiros","Cyberpunks", "Góticos", "Grafiteiros", "New Age Travellers", "Psychobillies", "Soulboys" e "Satraight Edges" surgiram. 1990: "Clubbers", "Geeks", "Grungers", "Otakus",  "Patricinhas/Mauricinhos", "Riot grrrls", "Rivetheads", "Traceuses"Nos anos 2000, com o início do século XXI, surgiram subculturas menos ousadas e com pouco embasamento filosófico, os "Pitboy", "Indies", "Emo", "Coloridos"considerando esses manifestos apenas como maneiras de se vestir etc.
A partir daqui, nossos posts estarão direcionados às tribos mais populares de cada década, ressaltando suas respectivas características e principalmente, seus ‘’motivos’’ para manifestos talvez radicais perante a nossa sociedade negligente e ignorante.

Anos 50: Anos Dourados

             Nos anos dourados, destacaram-se os Teddy Boys. Surgiram em Londres e logo se espalharam por todo o Reino Unido utilizando-se da moda da era eduardiana em suas vestimentas (é claro, ‘’repaginada’’). O estilo das roupas queria quebrar o militarismo ainda proveniente da II Guerra Mundial. Era associada ao Rock n Roll e ao Rockabilly.



Anos 60: Hippies

         ‘’Peace and Love’’, ‘’Ban the bomb’’ essas são as frases mais relacionadas ao movimento hippie porque criticavam o uso de armas nucleares. As questões ambientais, a prática do nudismo e a liberdade sexual eram idéias defendidas pelos hippies. O marco do movimento, definitivamente foi o Festival de Woodstock.



Anos 70: Punks

      Sendo sem dúvida alguma, uma das tribos com mais história e influência dentro das subculturas, a Cultura Punk (ou Movimento Punk) surgiu a partir da vontade de um determinado grupo de pessoas querer viver pela aceitação de uma ideologia. Essa organização sempre teve objetivos de alcançar alguma coisa, como uma revolução política ou a preservação da tradição punk.
 Existem várias subdivisões no meio punk e o anarquismo está bastante relacionado a algumas delas. O fato é, que o Movimento Punk é um dos que está mais presentes ainda em nossa sociedade, sua cultura apesar de modificada, continua preservada. Além de tudo, é também um dos movimentos que mais pode ser relacionado com a filosofia, como veremos a seguir.





Anos 80: Góticos

       O termo gótico, inicialmente e historicamente utilizado para definir um estilo de arte que predominou na Idade Média (principalmente nas estruturas das igrejas), nos anos 80, passou a definir mais uma subcultura. Sendo também umas das tribos com maior abrangência e história neste meio. O estilo gótico vai além simplesmente dos trajes pretos que relembram a era vitoriana, porque, é um estilo presente principalmente na literatura, com escritores como Edgar Allan Poe e Eça de Queirós.
 Apesar de estar evoluindo até hoje, foi taxada como Movimento Cultural porque o estilo era considerado como protesto.




Anos 90: Patricinhas & Mauricinhos

         Nos anos 90 surgiram as Patricinhas e os Mauricinhos. Onde os membros da tribo são pessoas bem-posicionadas financeiramente, vestem-se de acordo com a moda e tem como maior objetivo chamar a atenção dos outros pelo o que aparentam ser ou ter.
      Tendem sempre a querer agradar ao próximo com suas personalidade e aparência, são sociáveis e altruístas e para os que não fazem parte da tribo aparentam muita futilidade.






Anos 2000: Emos


        Afinal, o que é um emo ‘’de verdade’’? Não se pode negar que os emos banalizaram-se ao longo desses anos; o que queremos dizer é que, para ser tachado como emo basta pintar as unhas de preto. Esta é apenas uma prova da ignorância de nossa sociedade em relação à esta tão polêmica tribo. Agora, não identificando somente um gênero musical, o emo serve para classificar qualquer manifestação melódica e expressiva o que gera grandes confusões e polêmicas.
      As verdadeiras origens do emo vêm dos anos 90 com o Screamo e o Punk Hardcore e não têm relação alguma com os preconceitos que surgiram no Brasil em relação a tribo (como orientação sexual questionável dos membros ou personalidade depressiva). O emo nunca foi adotado por nenhuma banda pois foi tachado como uma piada em relação ao estilo musical respectivo de cada um; na verdade, são raras as pessoas que até hoje em dia tem coragem de se afirmar como emos ou não tem vergonha de serem rotuladas como um.






      Mas afinal, qual a relação que todas essas subculturas tem com a filosofia? Apesar de todas elas serem bastante diferentes entre si, a resposta para essa pergunta é algo que todas elas tem em comum: Surgiram com o intuito de reivindicar a liberdade e mostrar as diferenças entre as pessoas.
      Podemos notar que para a maioria das tribos ‘’chocar’’ as outras pessoas tachadas como comuns era algo importante, pois mostrando uma certa rebeldia (em sua maioria, inofensiva) e diferenciação elas conseguiam de uma certa maneira mostrar o que queriam.
       Como um exemplo bastante explícito, temos os punks que em sua utopia desejavam um mundo com igualdade entre as pessoas e liberdade de sentimentos e pensamentos.
   Infelizmente, a maioria das tribos urbanas acabam por banalizadas e sem nenhum interesse em o que elas realmente significam, a sociedade as vêem apenas como uma maneira diferenciada de se vestir e normalmente, são tachadas como manifestações ruins. Seria essa visão da sociedade em geral à respeito das tribos, uma espécie de ideologia? Acreditamos que sim; pois, com a popularidade que essas subculturas  acabaram ganhando, foram-se criando falsas idéias em relação às suas respectivas filosofias e a sociedade em sua ignorância sobre o assunto aceitou essas idéias, pois afinal, é muito mais cômodo para as pessoas ‘’normais’’ tacharem o diferente como estranho, não-digno e até, absurdamente, errado.
    ‘’Rebeldes sem causa’’. Rebeldes sem causa? Será mesmo? Em nossa opinião este termo surgiu apenas como uma desculpa para o sistema por não querer escutar o que qualquer uma das subculturas queria dizer. A verdade é que não existem ‘’rebeldes sem causa’’, porque SEMPRE tem um motivo, uma razão, uma causa; pode ser a causa mais estúpida o possível, mas é existente. Este é o fato que sempre permeou qualquer manifestação relacionada às tribos urbanas, é esse o ponto que sempre fez surgir cada vez mais tribos diferenciadas e é o que as faz persistir até hoje, mesmo os tempos tendo mudado, as lutas serem diferentes, há sempre um motivo para elas continuarem ou surgirem.

Documento Especial - Tribos Urbanas